Texto de Annete Baldi – Projeto (Porto Alegre/RS)

Por conta de três datas festivas acumuladas no mês de maio lá em casa, ando pensando muito sobre a vida em geral. Além do dia das mães que sempre mobiliza, o meu filho fez os seus tão esperados 18 anos, e eu saí dos meus 50, uma idade tão redonda quanto simbólica: sim, agora já tenho 51 e passei definitivamente para a segunda metade da minha vida.

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Pois essas trocas de idades também acontecem ao mesmo tempo em que assumo novos papéis – profissionalmente falando. Diante da grande crise que muitos empresários estão enfrentando atualmente, a minha firma também passou por um enxugamento e hoje estamos operando com 70% a menos de pessoal em relação ao mesmo período ano passado. Se alguém me dissesse que isso iria acontecer, eu daria uma boa risada e ainda diria “impossível!”.

Nada é impossível! E aqui estamos nós, trabalhando de forma bem diferente e reinventada pela necessidade, sendo conduzidas por uma energia superpositiva vinda de quatro mulheres que também têm em comum a idade: todas acima dos 50.

E nesse novo momento, eu voltei a fazer atividades que anos atrás eu havia feito, mas já tinha esquecido como eram. Isso é andar para trás? Que nada! Tenho hoje a convicção de que estamos, mais do que nunca, andando para a frente. Estamos todas mais criativas, mais econômicas, mais solidárias, mais responsáveis e muito mais dinâmicas. Estamos todas menos sisudas, menos ociosas e muito menos burocráticas.

Uma das atividades que retomei foi a da divulgação escolar. Estou novamente visitando algumas escolas e conversando com coordenadores pedagógicos, professores e bibliotecários. Estou de novo tomando aquele chá-de-banco, porque, mesmo agendando uma visita para às 9h em ponto, a realidade de uma escola é implacável. Estou de novo carregando livros, em caixas ou sacolas. Estou de novo viajando pelo interior do RS para mostrar a cara.

Sim, cansativo. Mas revigorante também. Na semana passada, por exemplo, estive numa cidade distante de Porto Alegre cerca de 300 quilômetros. Na viagem de carro, a trilha sonora me fez cantar bem alto*, e a paisagem de alguns trechos me encantou. Lá, conheci livreiros e tive conversas ótimas – mesmo que curtas e aparentemente infrutíferas – com diferentes profissionais. Sim, pode parecer perda de tempo. Mas não é.

Com tanto a fazer, só nos resta repensar diariamente a forma de fazer melhor, escolher muito bem o que é prioritário fazer na semana, aonde ir e com quem falar. Também estamos mais seletivas. Ah: e mais felizes…

*a trilha sonora incluiu CDs do Vitor Ramil, Marcelo Delacroix, Paulinho Moska, Renato Godá e Jack Johnson, mas a música favorita (e catártica…) foi a do CD “Tudo novo de novo” – que segue abaixo pra encerrar (ou não) esse assunto.

Tudo novo de novo