Texto de Laura Castilhos

Latinhas que lembram brinquedo que lembram arte que lembram ilustração.

Há mais de um ano estou fazendo aquarelas, seguindo a técnica tradicional, no entanto o suporte das mesmas são latinhas. Latinhas de todo dia, de todos tipos e de pequenos tamanhos. Valem as de milho, de sardinha, de Nescau, pegas nas ONGS de reciclagem, ou presenteadas pela família e amigos (a maioria preocupados com o ômega 3!).

Comecei fazendo uma série que participou de da exposição coletiva Portáveis, na Galeria da Faculdade de Belas Artes da Universidade de Lisboa, em abril de 2014, com os colegas da UFRGS, professores Alfredo Nicolaiewsky, Andréa Brächer, Carusto Camargo, Eduardo Vieira da Cunha, Marilice Corona, Paulo Gomes, Tete Barachini e Umbelina Barreto.

foto-latinhasA partir daí não parei mais. Para as mostras do SESC fiz 118 trabalhos.

O que me levou a fazer estas tantas latinhas, que podem parecer bizarras ao primeiro momento, foi o desejo de reinventar meu trabalho. Adoro fazer aquarelas. Há quase 30 anos que trabalho com esta linguagem. Sim, porque a aquarela mais que uma técnica é uma linguagem, e eu diria uma obsessão. Muito se tem a aprender sobre ela, e ela sempre nos surpreende. Estava cansada de fazê-las no formato retangular de sempre e depois de prontas ir atrás das molduras. A realidade é que muitas vezes não gostava do casamento da aquarela com a moldura. Além de um novo formato, desejava encontrar um material que se juntasse as minhas imagens, a maioria ligadas a cenas e coisas do cotidiano.

Resumindo, tudo começou após comer a primeira latinha de sardinha!

E por falar na temática das latinhas, vale tudo: a fila do ônibus, uma comida gostosa, uma criança brincando, e por que não, o nome dos filhos e sobrinhos, ou a Mulher Gigante e a Silvia Sujo, personagens de dois livros que ilustrei para a Editora Projeto, a convite da Annete Baldi.

Enfim, nestas aquarelas têm um pouco de tudo: minha vivência com a família e amigos, trocas com os alunos do Instituto de Artes da UFRGS, e uma relação muito direta com a ilustradora e artista plástica que sou.

As aquarelas expostas no SESC/Centro e na Rodoviária de Porto Alegre fazem parte da programação cultural que ocorreu todo o mês de março dedicado à mulher.

Elas ainda estão acontecendo e convido vocês a visitarem: a exposição no SESC/Centro ocorre no Café, 2º andar. Ficará aberta até 17 de abril. O endereço é Alberto Bins 665, das 8h às 20h.

Na rodoviária de Porto Alegre, a exposição ficará todo o mês de abril (sala de espera no 2º andar). A visitação é de segunda a segunda, a qualquer hora do dia ou da noite.

O convite está feito, espero que gostem!

 

Latinhas que lembram …