Texto de Beth Baldi –

Normalmente, esta é uma época bastante atribulada e difícil em todas as escolas. E, com certeza, uma das razões para isso se chama “avaliação”, ou “avaliação final”, mais precisamente.

Se a avaliação é uma contingência do nosso trabalho, por que será que não conseguimos achar um jeito deste momento ser menos estressante?

Minha hipótese é de que tornamos a avaliação (mais) problemática porque a deixamos para o final, seja do trimestre, bimestre, semestre ou do ano. Simples assim!

Se o olhar atento que ela exige – de quem observa querendo ver além – estivesse mais presente ao longo do processo ensino-aprendizagem, é provável que ela fosse mais fácil ou menos tensa.

Usando uma analogia com a preservação ambiental, que necessita que nos apliquemos em relação a 4 Rs, pelo menos – Reduzir (o consumo), Reutilizar (os bens que já possuímos), Reciclar (tudo que for possível) e Rejeitar (o que não é sustentável) -, poderíamos dizer que se nos dedicarmos aos Rs da avaliação, da mesma forma a tornaríamos mais favorável aos avanços dos alunos e menos burocrática.

Olhar para perceber as relações que os alunos estão fazendo – cada um deles e a turma no conjunto -, como estão pensando e até que ponto se aproximam das metas traçadas para o período, Registrar e Rever planos, materiais e intervenções realizadas, bem como Reavaliar essas metas diante do que conseguimos constatar, são ações que devemos levar a cabo quase que naturalmente no cotidiano escolar, se não quisermos apenas cumprir um programa, mas ensinar de fato, fazendo os alunos aprenderem ou avançarem conforme suas possibilidades.

Se há registros do que é observado sobre os alunos e de suas produções ao longo de cada etapa, bem como dos planos e metas pensados inicialmente, eles podem ser Revisitados e, a partir daí, comparados e Repensados tendo em vista a continuidade do trabalho: o que deve ser mantido, alterado, complementado, repetido ou ampliado? As propostas feitas funcionaram? Para quais alunos? E com quais é preciso Retomar? Ou ir além? De que forma diferente se pode repetir a(s) proposta(s) para que esses alunos também avancem? O que ainda se pode fazer? Que outras ajudas ou desafios ainda são possíveis de se oferecer a este ou àquele?

Somente com essa postura reflexiva é que a Reorganização do trabalho tem sentido, pois é realizada na busca de um ensino melhor a cada passo e, consequentemente, de aprendizagens mais efetivas para cada um de nossos alunos, indo muito além da decisão de “passar” ou não de ano.

Até porque, a partir desse tipo de reflexão, nem sempre “passar de ano” significa a melhor possibilidade para o aluno poder Retomar ou Rever o que necessita. Algumas vezes, por uma série de contingências (inclusive a de termos um sistema de ensino seriado), é mais produtivo oferecer-lhe mais tempo para que ele reveja de outras formas e em outro momento de seu processo alguns conteúdos ou propostas já apresentados. Ou seja, Refazer determinado ano escolar, ao lado de crianças mais próximas do seu nível e com um tempo didático mais flexível para essas revisões, considerando as metas e o contexto de exigências da própria série, pode ser mais favorável do que problemático em certas situações.

E aqui pensamos especialmente naqueles alunos que necessitam de mais ajudas. São eles que mais precisam de nós, professores, e não podemos abandoná-los! Ao contrário: eles são nosso maior desafio e também nossa maior satisfação ao mostrarem avanços!

A avaliação e seus múltiplos erres